terça-feira, 20 de abril de 2010

As Cores de Frida Kahlo

Autorretrato comTrança



 Autorretrato


 Retrato de Diego


 Árvore da Esperança


 Moisés




Natureza Viva


Viva La Vida


 Autorretrato  com Terno  de Terciopelo


Coluna Quebrada


 O Abraço da Mãe Terra


 Pensando na Morte


Eu e Diego


 Autorretrato


 Frida e Diego


  Autorretrato dedicado a Leon Trotsky


 ooOoo

 Frida fotografada por Nichloas Muray em 1938


"A obra de Frida é  amarga e  terna ... É  dura  como aço e leve  como a asa de uma borboleta ... Adorável como um sorriso e  cruel  como a  amargura da vida ... Creio que jamais houve uma mulher que pusesse poesia tão sofredora na tela " .  ( Diego Rivera )


Frida  por Julio Daio Borges ( biografia a partir do livro " Frida " [ de Hayden Herrera]  adaptado para o cinema  )

Magdalena Carmen Frida Kahlo y Calderón nasceu a 6 de julho de 1907, filha de um fotógrafo que trabalhava para o governo, Gillermo Kahlo, e de uma mãe que considerava “fria” e “cruel”, Matilde Calderón. Seu nome, Frida, remete diretamente à herança do pai, um judeu alemão que, apesar dos pesares, contraiu matrimônio com uma católica fervorosa. A pintora, bipartida desde as origens, vivenciaria, no México, a cisão entre uma família de ambições aristocráticas (“burguesas”, segundo a terminologia da época) e um país eminentemente agrário, com um forte componente multirracial (indígena, mais do que qualquer coisa). A simbologia desse conflito interno, de personalidade, ficaria mais notoriamente representado no quadro Las dos Fridas (1939), em que a artista se retrata, ao mesmo tempo, como a colonizadora espanhola (à esquerda) e como a índia folclórica (à direita). No longa, é emblemática a cena dos preparativos de seu casamento, quando Frida, de noiva, troca seus trajes com os de sua mucama; e, durante a festa, abre o plano principal com outro quatro, Frida y Diego (1931), onde estão retratados os noivos.

O encontro com Diego Rivera, o segundo acidente mais trágico de sua vida (com afirma em um dado momento), aconteceria depois de um primeiro, a bordo de um tranvía (mistura de bonde com ônibus, o mesmo que atropelou, na Espanha, Gaudí). No filme, a meninota de 16 anos que se deslocava a carrera pelos corredores da Escuela Nacional Preparatoria (tencionava cursar medicina), e que precocemente cometia estrepolias sexuais com o namorado, Alejandro Gómez Arias, de repente, se vê confinada a uma cama, a uma coleção de espartilhos e, posteriormente, a uma cadeira de rodas. Na separação forçada do mundo exterior, e da rejeição do primeiro amor (Alejandro anunciaria sua mudança para a Europa), forja-se a artista plástica – pois, como afirma Goethe, o caráter se forma em sociedade, mas o talento, na solidão. A família então assimilaria a sua inclinação pelas artes através de dois gestos bem marcados: primeiro, pela construção de um cavalete especialmente concebido para que Frida pudesse pintar sem se levantar; e segundo, pela instalação de um espelho no dossel da cama, permitindo que compusesse seus primeiros auto-retratos.

Daí, a pintora evoluiria, em paralelo à sua recuperação (segundo a fita), para o retrato de cada um dos membros de sua família. Esse intimismo, da preferência pelo cotidiano, pelo dia-a-dia, acompanharia a artista que, pode-se dizer, cunharia um quadro para cada fase decisiva de sua vida. Contrastando, como em todo casal, com os anseios de grandiosidade e glória de seu marido, Diego, que se lançaria à confecção de vastos murais, com temática social e revolucionária. Em Frida, a sugestão das diferenças entre o “masculino” e o “feminino” é, às vezes, delicada, e, outras vezes, avassaladora. Como quando, por exemplo, se percebe a diferença de altura entre ele e ela, a oposição entre o corpo frágil de Kahlo (sujeito a incessantes intervenções médicas) e o corpanzil insaciável de Rivera, com apetite para devorar o planeta – o mesmo que, de acordo com o filme, conduziu-o até Nova York, até Nelson Rockefeller.

A aparente brutalidade de Diego faria a mãe de Frida comentar (desgostosa com a união dos dois): – “É o casamento de um elefante com uma pomba”. A honestidade bonacheirona do muralista também se faria risível, no instante em que ele pediria a mão da intrépida retratista, prometendo não “fidelidade” mas sim “lealdade”. (Prometendo e não cumprindo: Rivera, nos seus arroubos de mujeriego, não perdoaria nem mesmo a irmã de Kahlo, Cristina.) Ou na ocasião em que a jovem artífice aborda o consagrado artista e lhe pede uma opinião sincera sobre suas telas. Diego, no melhor estilo fatalista-vocacional, sentencia: – “Se você for pintora de verdade, nunca vai conseguir parar de pintar: vai pintar até morrer”. Ao que Frida retruca al tiro: – “Mas eu preciso trabalhar para sustentar meus pais [eis a família aí, novamente] e, se não for boa o suficiente, preciso me dedicar a outra profissão”. (Lógico que era boa. Tanto que o surrealista André Breton viria ao México implorar para que expusesse em Paris; o Louvre aceitaria uma pintura sua [a primeira da América Latina]; e os Estados Unidos a homenageariam com um selo comemorativo [o primeiro dedicado a uma mulher hispânica].)

Mas Frida se faria célebre antes que a consagração a alcançasse (apenas na década de 80 do século XX). Estamos falando do tempo em que, já separada de Diego, abrigaria na Casa Rosa (hoje Casa Azul, de seus pais) um refugiado ilustre: Leon Trotski. Para quem, antes dos 20 anos, discutia o viés político de Hegel (tendo passado por Marx) e lia Schopenhauer, alternando-o com Spengler, fluentemente, a visita de um dos heróis da revolução russa tinha algo de grandiloqüente. No filme, é a seqüência em que a história ganha novo fôlego, alimentada pela chegada de um dos maiores intelectuais dos 1900s e pelo espírito de aventura que pairava no ar, ao se dar guarida a um dos inimigos mais perseguidos por Stalin. Da convivência de uma mente embotada pelo sofrimento e pela inteligência com uma artista original, quase primitiva e ainda fértil, nasceria um caso amoroso que, pelo que se pode concluir, custaria a vida de Leon. É Natalia Sedova, sua esposa, que percebe o arranjo, e decreta uma mudança para um hotel. A mesma que lhes cairia fatal. Frida, então, é presa e interrogada (a respeito do assassinato do revolucionário) e, na cadeia, sofre de gangrena, tendo os dedos dos pés amputados.

No fim, casar-se-ia uma segunda vez com Rivera, que seguiria venerando-a mesmo durante a dependência de morfina e a impossibilidade permanente de andar (teria ainda uma das pernas amputadas). O que o longa não mostra é que esses últimos anos seriam os mais produtivos de Frida Kahlo (ela vivia implorando aos médicos que a remendassem a fim de voltar a pintar). Participaria, nesse estado, da primeira exposição de sua obra em seu próprio país, onde um Diego comovido reconheceria a companheira como “o maior acontecimento de sua vida”. Cada vez mais debilitada, “Friducha” chamaria o seu “Pánzon”, no meio da noite, e o presentearia com um anel por seus 25 anos de casados (contabilizando idas e vindas). Rivera, sem entender, reagiria dizendo que a data não era exatamente aquela (faltava duas semanas), mas Kahlo insistiria em festejar suas bodas de prata. De algum modo, sabia que não lhe restava muito mais: faleceria naquela mesma noite, a 13 de julho de 1954.

Fonte da matéria biográfica :  Digestivo Cultural  
Fonte das imagens : Frida Kahlo-Olga's Gallery 
Veja post  sobre o  amor de Frida e Rivera  AQUI


ooOoo

21 comentários:

A Itinerante - Neiva 21 de abril de 2010 às 03:57  

Oi Thania,

Depois de ler o post do Arte Imita a Vida, sobre a Frida, ver seus quadros adquire um novo sentido. São muito mais belos, ainda que também mais tristes.

Chamou-me a atenção a simplicidade do retrato de Diego perante a complexidade de todos os autoretratos. Percebeu isto também?

Beijos

Tânia Regina 21 de abril de 2010 às 11:57  

Oi Neiva,

Parece-me que Diego era uma pessoa bem simples mesmo, do tipo bonachão, mas de uma inteligência privilegiada. Dizem que ele tinha uma inteligência paranormal, por isso Frida retrata-o com um terceiro olho , na testa (veja o quadro " Eu e Diego " ) .

Tenho lido algumas biografias dele e sua história de vida é fantástica, não é à toa que escolheu para sua companheira definitiva Frida Kahlo .

Farei depois uma galeria com as obras de Rivera, ele foi um artista genial .

Bom feriado ...

Bjs

Sonia 22 de abril de 2010 às 02:29  

"O caráter se forma em sociedade, mas o talento, na solidão." Grande Goethe.

Impactante essa pintura. A artista sofreu muito e jogou todos os seus conteúdos nas telas. É a primeira leitura que consigo fazer. Amanhã volto aqui mais cedo.
Bjs

§Kellen§Fanchini§ 23 de abril de 2010 às 00:36  

O PALAVRAS DE BRINQUEDO está com post novo, passem lá, deêm uma olhadinha, vai...pelos velhos tempos...deixem um recadinho...

Sonia 23 de abril de 2010 às 09:43  

Querida Thania,
Não voltei e não voltaria não fosse a necessidade de assumir que fiquei tocada com a visão desses quadros. De alguma forma, traços, cores e conteúdo da pintura da Frida me incomodam. Comumente, sou rápida no gatilho para trabalhar inconsciente. Mas tenho andado meio inquieta nos últimos meses. De repente bate o insight... Quando acontecer, lhe conto.
Bjs

Ana Karina Mag 26 de abril de 2010 às 00:25  

Uau... seu blog é magnífico!
Voltarei sempre, até mais!

Sonia 29 de abril de 2010 às 00:20  

Thania,
Caiu a ficha... rs
Bjs

Tânia Regina 29 de abril de 2010 às 00:53  

Sonia,
Estou curiosa para saber qual o insight...
Porque a ficha caiu?

Bjs

Inês 1 de maio de 2010 às 23:34  

Nossa, de arrepiar!
Frida é uma mulher impressionante!
Um abraço!

Sonia 10 de maio de 2010 às 12:58  

Thania,
vou lhe explicar por e-mail.
bjs

Tânia Regina 10 de maio de 2010 às 20:41  

Sonia,
Então envie pelo e-mail tainah_@terra.com.br, pois não estou conseguindo receber pelo e-mail arteiluminavida@terra.com.br .
bjs

Angela 15 de maio de 2010 às 23:38  

Thania,
é maravilhoso este espaço...
é a primeira vez que venho, e certamente, a primeira de muitas vezes!
grata pelo momento!

abraços!

Daniela Scheifler 16 de maio de 2010 às 14:44  

Thania, que blog mais lindo este teu. A arte ilumina a vida, mesmo. Adorei!

beijos em você!

Unknown 16 de maio de 2010 às 22:13  

Olá Thania

Seus blogs são muito legais, parabéns. Gostei tanto que já estou te seguindo. Se gostar e quiser seguir o meu, ficarei muito feliz.

Bjo

Tânia Regina 17 de maio de 2010 às 14:11  

Agradeço aos novos ( e antigos ) visitantes que comentaram e tb aos que resolveram seguir o Arte Ilumina . O blog não teria sentido, se não fossem vocês.
Fico grata com as palavras de elogio que sempre incentivam :) ...

Bjks em todos/as

Betty Gaeta 18 de maio de 2010 às 08:00  

Eu amo a Frida! Que post maravilhoso.
Bjkas e um bom dia.

Tânia Regina 25 de maio de 2010 às 01:08  

Betty,
A Frida foi uma mulher de fibra e que bom que vc gostou do post!

Fanzine ,
Obrigada pela dica e por estar seguindo o Arte Ilumina! Vou dar uma olhada no site recomendado e qualquer coisa (divulgação de artistas ou eventos de arte ) conte com o Arte Ilumina a Vida, ok?

Stella Petra 30 de maio de 2010 às 19:05  
Este comentário foi removido pelo autor.
Stella Petra 30 de maio de 2010 às 19:08  

Se existe um nome que define SUPERAÇÃO, esse nome é Frida. Para mim, um dos maiores exemplos de força, garra e Alma de guerreira. Sou uma apaixonada por sua arte e por sua história. Ela ousou e usou da arte para transpor suas dores...Nos deixou uma legado maravilhoso seja, de criação, como de exemplo de vida.
PARABÉNS!
Apaixonante seu espaço.
E, mais uma observação. O título de seu espaço, não poderia ser melhor.
Obrigada por compartilhar conosco tanta beleza.
Muita Luz e Bênçãos nessa sua estrada

Carinhos

Stella ;D

Namastê!

Tânia Regina 3 de junho de 2010 às 18:54  

Stella ( muito bonito seu nome ) , obrigada pelo incentivo . Cultura e arte devem ser compartilhadas pois quanto mais pessoas têm acesso à beleza da criação artística, mais luz é propagada no mundo.

Namastê!

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